quarta-feira, maio 12, 2010

No tempo do Salazar quem mandava infelizmente era o Salazar, não havia Clube S nem Clube P nem Clube B, havia um só Clube, o Clube Salazar

Atenção, isto não é Futebol, é HISTÓRIA! (por isso pode-se falar)

As provas de que o Clube B não era o clube do regime "Salazarista"




Nos últimos tempos tem sido comum encontrar espalhada pela blogosfera uma redonda e persistente mentira, segundo a qual o Clube B seria um clube conotado com o antigo regime ou protegido pelo mesmo.
Em cerca de trinta anos de adepto de futebol nunca tinha ouvido tal coisa, e foi preciso aparecerem uns iluminados, fanatizados e instrumentalizados por um certo poder, para ver lançada no ar essa atoarda, como se se tratasse da mais cristalina das evidências.

A afirmação é tão absurda que não mereceria mais que o silêncio. Mas ainda assim, não gostaria de perder a oportunidade de deixar aqui algumas notas, para que os mais novos não se deixem enganar, e a partir das quais se pode ver o ridículo em que caem aqueles que, por fraqueza de espírito, ingenuidade ou ignorância, se deixam manipular e fanatizar por quem deles se serve e assim perpetua um poder bem mais absoluto do que devia, e para o qual a ética e a justiça estão, não na ponta da espingarda como diria Mao-Tse-Tung, mas sim numa qualquer comemoração triunfante na Alameda das Antas. Vejamos:

1 - Será o menos importante, mas para começar, a cor vermelha diz bastante. Salazar, que nem sequer gostava de futebol, nunca patrocinaria um clube com as cores da sua figadal inimiga União Soviética. A comunicação social até foi forçada a utilizar a palavra “encarnados” para descrever o Clube B, de modo a não conjugar “vermelhos” com “vencedores”, o que poderia ser dramático para o regime. Ao contrário do Real Madrid – que usava cores queridas aos falangistas de Franco -, o Clube B usava as cores da revolta. Diria até que, por exemplo, o azul e o branco ficariam esteticamente bem melhor com toda a simbologia salazarista.

2 - O Estado Novo teve início em 1926 e começou a desintegrar-se em 1961 com as crises estudantis e a guerra colonial. Pois foi precisamente na fase decadente do antigo regime que o Clube B emergiu como força dominante do desporto português.
Nos primeiros vinte e cinco campeonatos nacionais (entre 1934 e 1959, ou seja o período mais relevante do Salazarismo), a lista de vencedores é encabeçada pelo Clube S com 10 títulos, seguindo-se o Clube B com 9, o Clube P com 5. O Clube B tinha portanto vencido 36 % dos campeonatos – em 2010 tem 45%...

3 - O 25 de Abril foi, como todos sabem, em 1974. Pois nas três épocas seguintes o Clube B foi tri-campeão!. Nos vinte anos a seguir à revolução o clube da Luz, não parecendo sentir nada o fim da ditadura, venceu 10 campeonatos, 7 taças, e foi a 3 finais europeias. No mesmo período o Clube P conquistou 8 campeonatos, 5 taças e foi a 2 finais europeias. O Clube S venceu 2 campeonatos e 2 taças.
A crise do Clube B, e a consequente hegemonia do Clube P, deu-se apenas devido às sucessivas má gestões de Jorge de Brito (neste caso mais de quem o acompanhava), e sobretudo, Manuel Damásio e Vale e Azevedo que, paralelamente a outros aspectos, abriram campo aos triunfos do Clube P das últimas décadas.

4 - Por falar em presidentes, o Clube B foi ao longo da sua história, e enquanto durou o regime anterior, quase sempre presidido por ilustres oposicionistas. Félix Bermudes foi perseguido pela PIDE, e no consolado de Tamagnini Barbosa o clube chegou a correr o risco de ser encerrado pelo governo por alegadamente estar tomado por “conspiradores”. Um outro presidente (Júlio Ribeiro da Costa) teve mesmo de se demitir para que o clube não fosse mais penalizado pelo regime, dada a sua forte conotação política com a oposição. O Clube B chegou a ter um presidente operário (Manuel Afonso, também, naturalmente, oposicionista), e foi, de longe, o clube desportivo que mais problemas criou a Salazar, como de resto seria de esperar numa agremiação tão marcadamente popular desde a sua fundação.

5 - Os órgãos sociais do Clube B sempre foram eleitos democraticamente, o que por diversas vezes foi alvo do olhar recriminador da PIDE, que acompanhou os actos eleitorais e assembleias-gerais bem de perto. Durante muitos anos foi o Clube B a única das grandes instituições do país onde o poder era escolhido através de voto livre e democrático. Nem o Jornal do clube escapou à perseguição, sobretudo quando tinha à sua frente José Magalhães Godinho.

6 - Os poderes públicos apoiavam tanto os “encarnados” que em 1956 escolheram o Clube S – por convite - para participar na primeira edição da Taça dos Campeões Europeus, apesar do campeão da época anterior ter sido o Clube B.

7 - O Estádio das Antas, construído com fortíssima ajuda do regime, e financiado por gente a ele ligada, foi inaugurado num dia 28 de Maio, data em que Gomes da Costa havia partido do norte em direcção a Lisboa para instalar a ditadura em Portugal, 26 anos antes. Curiosamente, o Clube B estragou a festa e venceu por… 2-8!!
Pelo contrário, o Estádio da Luz foi construído (muitas vezes literalmente) pelos sócios do Clube B, sem recurso a quaisquer subsídios, e permitiu ao clube acabar com os sucessivos despejos a que foi sujeito e a que foi estoicamente resistindo. Curiosamente, o estádio que o Clube B utilizava antes tinha sido arrendado pelo Clube S (clube da aristocracia lisboeta), que então lhe chamava Estádio 28 de Maio. O Clube B não só fez questão de o inaugurar num dia 5 de Outubro, como lhe mudou o nome, designando-o apenas por “Campo Grande”.

8 - No início dos anos quarenta, época dourada de Salazar, o Clube P beneficiou da ajuda dos seus influentes homens do poder para, através de dois cirúrgicos alargamentos, evitar cair para a segunda divisão, após se ter classificado em terceiro lugar no seu campeonato regional, que na altura apurava as equipas (os dois primeiros) para a prova nacional. Mal se sabia que, décadas e décadas depois, seria novamente a sua influência a evitar a descida, agora por motivos bem diferentes, e bem mais nebulosos.



Saudação fascista dos jogadores do Clube P



Saudação fascista dos jogadores do Clube S

9 - Como referiu Manuel Alegre – insuspeito de salazarismo – os relatos dos jogos do Clube B, e as suas vitórias, eram motivo de grande regozijo entre os exilados políticos. O Clube B era mesmo, para alguns deles, o único motivo de orgulho no seu país.

10 - O Clube B foi campeão europeu com jogadores que faziam parte dos movimentos de libertação das colónias, como Santana e Coluna. Obviamente que Salazar não teve alternativa senão engolir o sapo e colar-se ao êxito do clube, aproveitando-se dele para efeitos políticos.

11 - Nas comemorações da vitória aliada na segunda guerra mundial, toleradas por Salazar apenas por receio de represálias dos vencedores – sobretudo a tradicional aliada Inglaterra – viram-se nas ruas bandeiras de França, dos Estados Unidos, de Inglaterra e…do Clube B, estas naturalmente substituindo as da URSS, e utilizadas por oposicionistas comunistas.

12 – O hino do Clube B (“Ser B....quista”) cantado por Luís Piçarra não é o original do clube. O primeiro hino, composto por Félix Bermudes, chamava-se “Avante Clube B” e foi silenciado pelo regime.

13 – O Estádio da Luz passou 17 anos, desde a sua fundação, sem ser utilizado pela selecção nacional. Só já nos anos setenta se disputou o primeiro jogo de Portugal num estádio do Clube B. Nunca se jogou a final da taça na Luz ou em qualquer outro estádio utilizado pelo Clube B, ao contrário do que aconteceu nas Antas, onde o Clube P disputou (em casa) nada menos que três finais, antes e depois do 25 de Abril.

14 - O primeiro grande escândalo de arbitragem na história do futebol português valeu um título ao Clube P. Estávamos em 1939, no auge da ditadura salazarista, e no jogo decisivo os “vermelhos” viram um golo anulado nos últimos instantes, que valeria a vitória e o título. Também a história Calabote (que foi irradiado) está mal contada – e em breve poderei falar dela -, e de resto redundou num outro título para o Clube P, que aliás já na altura demonstrava uma propensão enorme para se envolver em questões desta natureza.

15 – Ao longo dos anos do regime ditatorial, as situações em que os poderes públicos e federativos prejudicaram o Clube B administrativamente sucederam-se. Uma das mais conhecidas foi a não autorização para adiar o jogo da Taça de Portugal frente ao V. S..úbal, marcado para o dia seguinte à final de Amsterdão em 1962. Mas houve outras, como a marcação da repetição de um jogo para três dias antes da tal jornada de Calabote, obrigando o Clube B a um desgaste adicional que lhe poderá ter custado o título.

16 – Nunca em tempo algum o Clube B teve um seu sócio, ou mesmo adepto, como presidente de organismos ligados à arbitragem do futebol. O Clube P é o que se sabe, e o Clube S também não se pode queixar pois tem agora lá um “emblema de ouro”.

17 - O Clube B conquistou mais títulos nacionais nas modalidades extra-futebol em democracia (57), do que em ditadura (44). Ao contrário, por exemplo, do Clube P, que à excepção do caso específico do hóquei em patins, tem mais títulos antes da revolução de Abril do que depois (25 antes -19 depois).

18 - O Clube B tem entre os seus adeptos gente de todos os estratos sociais e sectores políticos. Mas convenhamos que Álvaro Cunhal, José Saramago, Xanana Gusmão, António Guterres, Jerónimo de Sousa, António Vitorino de Almeida, Artur Semedo, Manuel Alegre, Miguel Portas e muitas outras figuras da esquerda portuguesa, simpatize-se mais ou menos com elas, nunca seriam seguramente adeptos de um clube de algum modo relacionado com o regime fascista.

19 – É curioso que o Clube B, tendo adeptos espalhados pelo país e pelo mundo, tem maior expressividade precisamente nas zonas mais conhecidas pelo seu combate ao fascismo, ou seja Alentejo – onde a percentagem de b...quistas é absolutamente esmagadora - e cintura industrial de Lisboa, nomeadamente a margem sul do Tejo. Pelo contrário, o Clube P tem a grande maioria dos seus adeptos concentrados na região norte, pouco conhecida pelo combate democrático – pode ser injusto para muitos dizê-lo, mas a verdade é que a maioria dos agentes da PIDE eram nortenhos, e a maioria dos detidos eram provenientes justamente das zonas onde existe maior expressão do Clube B.
Nos anos quentes da reforma agrária, no pós-revolução, sei de pessoal das UCP’s alentejanas que se organizava em excursões para os jogos internacionais do Clube B.

20 – Seria interessante também fazer a contabilidade dos adeptos e sócios do Clube B nas ex-colónias. Como seria possível haver tantos b....quistas, por exemplo, em Angola e Moçambique, se o clube tivesse alguma conotação com o regime que durante anos lhes negou a independência e lhes deu a guerra?

in http://vedetadabola.blogspot.com


"o Clube B só ganhava por causa do Salazar!"

Neste últimos tempos, os adversários do Clube B, designadamente os adeptos do Clube P, têm recorrido a uma versão muito particular para explicar a riqueza do palmarés do Clube B, sobretudo no que diz respeito às épocas gloriosas dos anos 60 e 70. Segundo essas mesmas versões, os sucessivos títulos do Clube B só foram conquistados à custa da protecção superior do regime anterior ao 25 de Abril; uma das expressões reiteradamente utilizadas é a de que, e passo a citar, “o Clube B só ganhava por causa do Salazar!”.

Este discurso não é novo, mas ressurgiu em força após a conquista do 31º título do historial do clube. O problema gerado pela difusão constante desta falsidade, como demonstraremos de seguida, é que de tantas vezes repetido, começa a parecer verdadeiro... Aliás, nestas últimas semanas, não têm faltado as declarações de várias personalidades distintas, desde comentadores encartados a populares anónimos, repetindo a “cassete” ensaiada até à exaustão. Já todos sabemos que, nestas coisas do futebol, a fé clubista dita leis implacáveis: se ouvimos algo a favor do nosso clube é verdade, se a referência é desagradável, então deve ser mentira...
A única solução neste tipo de contextos é recuperar a verdade através do recurso aos factos, à realidade indesmentível dos dados estatísticos. Por outro lado, é igualmente possível e aconselhável analisarmos alguns aspectos concretos que desmentem claramente a tal história que muitos insistem em divulgar.

Em primeiro lugar, comecemos por uma constatação evidente: o Clube B venceu muitos campeonatos na década de 60, não por causa do regime, mas devido à espantosa qualidade da sua equipa de futebol. Um argumento basta para comprovar o facto: mesmo que em Portugal tivesse existido a tal protecção e o Clube B fosse campeão sem mérito, como explicar as duas Taças dos Campeões Europeus de 1961 e 62? Como explicar as 5 presenças em 8 anos na final da mesma competição (61, 62, 63, 65 e 68)? Não me parece que a influência do regime fosse tão poderosa que conseguisse manipular os resultados de dezenas de jogos disputados em vários estádios da Europa. Aliás, o valor e o prestígio da equipa foram inúmeras vezes reconhecidos internacionalmente, razão pela qual recebeu prémios que com inteira justiça recompensaram as magníficas carreiras dos jogadores dessas épocas memoráveis.

Um outro aspecto que é mencionado com frequência, está relacionado com a origem de vários jogadores que foram determinantes nas vitórias desses anos: refiro-me à presença numerosa de atletas oriundos das então colónias portuguesas. Esquecem os detractores que qualquer clube português dessa altura possuía jogadores africanos, sobretudo de Angola e Moçambique, pelo que o recurso a esses jogadores não era privilégio exclusivo do Clube B, como facilmente se pode comprovar ao consultar os plantéis dos clubes que disputaram esses campeonatos.

Outro elemento que é omnipresente na tal versão parcial e injusta dos factos, é pretender convencer os adeptos do futebol que o Clube B deixou de ganhar depois de ser instaurada a liberdade em Portugal. Isto é, querem passar a ideia que a partir de 25 de Abril de 1974, o Clube B abandonou a posição de liderança incontestável que possuía anteriormente. Nada mais falso, como veremos!!!
Se repararmos na lista dos vencedores do Campeonato Nacional da 1ª divisão, verificamos que entre 1974/75 e 1994/95, precisamente os 20 anos que se seguiram ao 25 de Abril, os campeões foram os seguintes:

1975 – Clube B
1976 – Clube B
1977 – Clube B
1978 – Clube P
1979 – Clube P
1980 – Clube S
1981 – Clube B
1982 – Clube S
1983 – Clube B
1984 – Clube B
1985 – Clube P
1986 – Clube P
1987 – Clube B
1988 – Clube P
1989 – Clube B
1990 – Clube P
1991 – Clube B
1992 – Clube P
1993 – Clube P
1994 – Clube B
1995 – Clube P

Conclusão: nos 20 anos (21 campeonatos) subsequentes ao 25 de Abril, o Clube B conquistou 10 títulos, o Clube P 9 e o Clube S 2. O Clube B tem praticamente tantos campeonatos como os dois principais opositores... Nada mau para uma equipa que acusam de ter “desaparecido do mapa” após a Revolução... É evidente que começa a notar-se uma preponderância do Clube P, que começava a demonstrar cabalmente as suas virtudes em termos de organização, gestão e sobretudo construção de excelentes equipas de futebol. Convém ainda acrescentar que, neste período, o Clube B continuou a evidenciar a sua hegemonia conquistando 9 Taças de Portugal, algumas delas precisamente contra o seu rival Clube P, tendo mesmo vencido o adversário em pleno Estádio das Antas em 1983...

Nesta altura, podemos legitimamente perguntar quais foram as causas reais e indiscutíveis que conduziram o Clube B a 11 penosos anos de jejum? Como demonstrámos nas linhas anteriores, os motivos não têm rigorosamente nada a ver com o anterior regime, com o 25 de Abril ou com qualquer outro acontecimento da nossa História recente. As causas da decadência do Clube B foram claramente três, e manifestaram-se sobretudo a nível interno:

1. Sucessão de Presidentes e das respectivos equipas de gestão que foram empobrecendo o Clube B a vários níveis: o processo começou com Jorge de Brito, passou por Manuel Damásio e atingiu o auge (dramático) com Vale e Azevedo, que destruiu as principais características que o clube ainda possuía: bons jogadores, credibilidade interna e externa, gestão adequada às novas realidades desportivas e empresariais contemporâneas;

2. Confirmação do Clube P como equipa de primeiro plano (tanto em termos nacionais como no plano internacional), fruto de uma elevada eficácia organizativa e de uma política acertada no que concerne a contratações de jogadores de qualidade;

3. Decréscimo acentuado da denominada “Mística B...quista”, que foi perdendo importância e influência devido ao número elevadíssimo de jogadores de qualidade duvidosa que passaram pela equipa, descaracterizando de forma acentuada o outrora poderoso e eficaz balneário do Clube B. Veja-se, a título de exemplo, o que foi feito após a conquista do campeonato em 1994: a equipa foi desmantelada em poucas semanas, o treinador vitorioso (Toni) foi dispensado, e as mais valias resultantes do título foram desbaratadas de um modo irresponsável e comprometedor, como aliás os 11 anos de jejum que se seguiram amplamente demonstram.

Conclusão: penso que estamos na altura de proceder a uma reposição cabal e abalizada dos factos respeitantes ao percurso do Clube B dos últimos 40 anos. Não foi o regime que recuperou de uma desvantagem de dois golos contra o todo-poderoso R.M, e acabou por golear os madrilenos por 5-3 numa das melhores finais de sempre da Taça dos Campeões.

O Tri-Campeonato conquistado logo a seguir ao 25 de Abril (75,76 e 77) constituiu um sinal evidente que muitos fingiram ignorar: apesar das convulsões internas ditadas pelo conturbado período pós revolucionário, o Clube B continuou a demonstrar de forma clara e inequívoca que continuava a ser o grande baluarte do futebol português. Mais tarde, algumas decisões infelizes de certas personalidades que passaram pelo clube ocupando cargos para os quais não tinham qualquer competência, arrastaram o Clube B para um lamaçal de derrotas, recordes negativos e ausência de títulos.

By: http://futeboltuga.com/

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